Após registrar um aumento de casos de gripe neste
ano mais cedo do que período esperado, previsto geralmente para o início do
inverno, o Ministério da Saúde estuda antecipar a campanha nacional de
vacinação contra a doença em 2017.
Segundo o ministro da Saúde, Ricardo Barros, a
pasta também negocia a possibilidade de ampliar o número de vacinas contra a
gripe distribuídas na rede pública.
Neste ano, foram distribuídas 54 milhões de doses
para serem aplicadas em grupos considerados mais vulneráveis a complicações da
gripe. Esse público-alvo é composto por idosos, crianças de seis meses a cinco
anos, gestantes e mulheres que deram à luz há até 45 dias, trabalhadores de
saúde, povos indígenas, presos, funcionários do sistema prisional e pessoas com
doenças crônicas.
'Vamos rever para o ano que vem o número de vacinas
e o início da campanha de vacinação', disse nesta sexta-feira (17) durante uma
videoconferência com jornalistas. 'A campanha de vacinação tem uma antecedência
ao período de incidência. Sabemos que não adianta vacinar as pessoas após o
período adequado', informa.
De acordo com Barros, caso obtenha um maior número
de doses para 2017, o ministério deve avaliar a possibilidade de estender a
faixa etária para a qual a imunização é destinada. 'Vamos avaliar, ao término
da incidência neste ano, quais as faixas etárias mais atingidas', afirmou.
Neste ano, a campanha nacional de vacinação começou
no dia 30 de abril e terminou em 20 de maio. Em alguns locais, no entanto, a
vacinação iniciou cerca de um mês mais cedo, conforme o recebimento das doses
enviadas pelo governo federal. A medida foi tomada como forma de tentar conter
o aumento de casos de gripe.
Avano do vírus H1N1
Neste ano, o vírus H1N1 tem respondido por até 85% dos casos no país de
síndrome respiratória aguda grave por gripe, registrados a partir da internação
do paciente na rede de saúde. Desde janeiro até o dia 6 de junho, foram 5.411
casos graves de gripe -deste, 4.582 pelo vírus H1N1.
Também houve 886 mortes relacionadas o vírus,
segundo balanço do Ministério da Saúde divulgado nesta sexta. Entre os Estados,
São Paulo responde por metade dos casos, com 402 registros, seguido do Rio
Grande do Sul (105) e Paraná (72).
O número de mortes neste ano já supera os registros
de todo o ano de 2013, ano em que também houve aumento antecipado nos casos de
gripe por H1N1. Naquele ano, foram 768 mortes e 3.728 casos graves de gripe A
H1N1.
A quantidade de mortes também é a maior desde 2009,
ano em que houve pandemia do vírus. Naquele ano, foram 2.069 mortes no Brasil
relacionadas ao vírus H1N1 e 50.482 casos de síndrome aguda respiratória grave,
quando há agravamento dos sintomas.
Questionado, o ministro evitou comentar os
possíveis fatores que explicam o avanço na epidemia neste ano. Segundo ele,
assim como o Brasil, outros países também tiveram um aumento antecipado dos
casos de gripe, o que reforça a necessidade de avaliar a antecipação da
campanha de vacinação no próximo ano. Folhapress